A condução autónoma diz respeito a um modo de condução que dispensa a intervenção humana. O que muitos condutores não sabem é que já circulam nas estradas alguns modelos com os níveis de condução autónoma mais baixos.
E, devido à rápida evolução tecnológica, podemos esperar que nos próximos anos sejam lançados automóveis cada vez mais autónomos.
Aliás, este ano, a Mercedes-Benz já divulgou que vai começar a comercializar os primeiros veículos com um sistema de condução autónoma de nível 3 — o Drive Pilot — e a BMW não fica atrás, com tecnologia que podemos esperar ver nos seus sedãs Série 7.
Mas há outras marcas que também prometem trazer novidades. Falamos da Tesla, da General Motors, Lucid, Hyundai, Kia e Polestar. Esta é uma das tendências do setor que podemos esperar para este ano.
Também já se ouve falar em condução autónoma de nível 4, mas ainda no âmbito de testes. Porém, não se admire se, até ao final da década, já existirem automóveis com condução autónoma de nível 4 a circular nas estradas.
Se quer saber mais sobre a condução autónoma e sobre os seus diferentes níveis, neste artigo, vamos explicar-lhe tudo.
O que é a condução autónoma?
Um automóvel com o nível máximo de condução autónoma dispensa totalmente a intervenção do condutor. Isto acontece porque o seu sistema está dotado de tecnologia sofisticada que lhe permite identificar a via, a sinalização, os veículos em movimento, peões e demais obstáculos.
Atualmente, já existem no mercado vários modelos com esta tecnologia e com vários sistemas de apoio à condução, aos quais um condutor pode recorrer. O cruise control — que mantém o carro na faixa de rodagem ou que apoia o condutor no estacionamento — é um exemplo. Também os radares, os sensores por ultrassons que detetam situações de trânsito e as câmaras multifuncionais, fazem parte de sistemas de condução assistida muito comuns nos dias que correm.
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Que diferentes níveis de condução autónoma existem?
No que diz respeito à definição de condução autónoma existe um consenso que é, naturalmente, o papel e o nível de intervenção do condutor.
Mas para uniformizar os diferentes níveis de condução autónoma, em 2014, a Sociedade Internacional de Engenheiros Automóveis (SAE), classificou a autonomização em seis níveis diferentes:
Nível 0 — sem condução autónoma
Neste nível, tudo é controlado pelo condutor. Deste nível fazem parte todos os veículos que não têm sistemas de apoio à condução (cruise control, ABS, controlo de tração, etc.).
Nível 1 — apoio à condução
No nível 1 de automatização, já existem alguns sistemas de apoio à condução que intervêm na direção, nas acelerações ou nas travagens.
Nível 2 — automatização parcial
Aqui, em contraste com o que se passa no nível 1, os automóveis já têm sistemas de apoio à condução mais sofisticados, e são capazes de detetar informação do meio exterior, incorporando-a na condução. Porém, o condutor ainda precisa de se manter atento e de assumir o controlo sempre que for necessário.
Nível 3 — automatização condicional
O nível 3 corresponde a uma fase de “semi-autonomia”, em que os automóveis já são capazes de assumir o controlo em situações específicas, e de realizarem algumas tarefas. Falamos, por exemplo, do estacionamento automático ou da condução em vias com muito trânsito. Porém, o condutor deve continuar preparado para assumir o controle caso seja necessário, até porque a sua intervenção continua a ser precisa em situações transitórias.
Nível 4 — elevado grau de automatização
O penúltimo nível — que antecede a automatização total — é o nível em que um automóvel consegue já assumir o controlo de todas as principais componentes da condução. É, assim, capaz de conduzir autonomamente, mas apenas em percursos pré-definidos. Já existem alguns países no mundo onde circulam automóveis de nível 4. Na Coreia do Sul, China ou Estados Unidos, os robotaxis dedicam-se ao transporte de passageiros em percursos pré-estabelecidos sem recurso a um condutor.
Na eventualidade destes automóveis saírem do percurso definido, é necessária a intervenção de um condutor. E se o condutor não intervir? Nesses casos, é ativado um protocolo de segurança que imobiliza o veículo imediatamente.
Nível 5 — automatização total
É o nível máximo de autonomia, no qual um veículo consegue operar a 100% de forma independente. A definição do destino, o arranque, as manobras de condução e o estacionamento são feitas sem qualquer intervenção humana. O condutor continua a poder intervir na condução, mas apenas se o desejar. É totalmente opcional.
Este nível de automatização ainda não está disponível.
Os desafios à condução autónoma
Apesar de ser uma ideia apelativa — que pode ajudar a aumentar a segurança na estrada e os condutores a rentabilizarem melhor o seu tempo — ainda há muito caminho a percorrer. O cenário em que os automóveis circulam nas estradas de forma completamente autónoma traz inúmeros desafios.
Para além das questões de foro tecnológico, também é preciso ter atenção à relação destes automóveis com as próprias cidades e com os meios onde circulam, assim como à conectividade a outros meios de transporte e sistemas.
As questões éticas e de foro legal também são tema complexo, uma vez que, neste cenário, será preciso haver legislação própria.
Os testes e as evoluções já vão acontecendo um pouco por todo o mundo, mas não se sabe ao certo quando é que os automóveis de nível 5 vão circular nas estradas de forma segura e legal.
Uma coisa é certa: a condução autónoma vai revolucionar a indústria automóvel tal como a conhecemos hoje.