O abate de carros é a opção mais frequente para Veículos em Fim de Vida (VFV) que, não apresentando condições para circular na estrada, são considerados um resíduo.
Acidentes graves, abandono na via pública ou reparações que não sejam economicamente viáveis, são as razões mais frequentes que estão na origem de um abate.
Porém, o abate de carros também pode ser uma opção a considerar para viaturas sem utilidade. Se as características do automóvel já não servem as necessidades atuais, se o carro continua com avarias consecutivas ou se comprou um carro mais moderno, é natural que o veículo antigo passe mais tempo parado.
E mesmo que tenha todos os cuidados recomendados para carros parados há muito tempo, não se esqueça que vai continuar a ter de suportar as despesas obrigatórias enquanto proprietário, tais como o Imposto Único de Circulação.
É por isso que, se não quiser vender o carro ou usá-lo numa retoma automóvel, o abate pode ser uma opção. Mas é importante que este processo seja feito corretamente.
A importância de um processo de abate de carros correto
O abate de carros em fim de vida ou sem utilidade requer algum cuidado, de forma a garantir que a matrícula e os registos de propriedade sejam cancelados devidamente.
Se quiser enviar um carro para abate, recorra sempre a centros de abate certificados pelas seguintes razões:
1. Evita possíveis problemas legais no futuro
Apenas os centros de abate certificados podem emitir os certificados de destruição que, mais tarde, vão-lhe permitir fazer o cancelamento da matrícula e do registo de propriedade do veículo. Sem este certificado, para além de poder vir a ter problemas legais, vai continuar a receber o aviso da Autoridade Tributária para pagar o IUC e a ter custos desnecessários.
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2. Assegura a proteção ambiental
Os carros para abate devem ser desmantelados por centros de abate certificados, de forma a evitar que se tornem um risco para o ambiente e para as pessoas. Devido à presença de produtos potencialmente perigosos, este processo exige cuidados especiais.
Além disso, os centros de abate certificados têm tecnologia específica para fazer a descontaminação e o desmantelamento das viaturas, assim como a extração dos líquidos perigosos e de outros componentes prejudiciais ao ambiente.
3. Permite a valorização de algumas componentes
A valorização de resíduos metálicos e de outras peças é muito frequente no abate de carros. Sistemas como, por exemplo, o GPS, o sistema de som, portas ou para-choques que ainda possam ser utilizados, podem facilmente ser vendidos e fazer com que consiga obter alguma rentabilidade extra.
Onde encontrar centros de abate certificados?
Para encontrar um centro de abate de carros certificado perto de si, consulte a APA – Agência Portuguesa do Ambiente, as Comissões de Coordenação Regional (CCDR), ou o portal Valorcar.
Como funciona o processo de abate de viaturas?
1. Requerimento
Este processo começa, naturalmente, com a apresentação formal de um requerimento ao centro de abate em questão. Para dar início ao processo, vai precisar dos seguintes documentos:
- Documento de identificação do veículo;
- Registo de propriedade;
- Fotocópia do cartão de cidadão do proprietário do veículo;
- Requerimento de anulação da matrícula assinado pelo mesmo (falamos do impresso modelo 9 do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT). Este documento é disponibilizado pelo centro de abate e tem de ser assinado pelo proprietário do veículo em questão.
2. Emissão do certificado de destruição
Após a verificação e validação do carro e de toda a documentação entregue, será emitido um certificado de destruição. Este documento é necessário para o cancelamento da matrícula e o original deve sempre ficar na posse do proprietário do veículo.
O certificado de destruição é a prova de que o carro para abate foi entregue a um centro certificado, ficando o proprietário, nessa altura, isento de quaisquer responsabilidades.
3. Cancelamento da matrícula e do registo de propriedade
Por sua vez, o centro de abate tratará de enviar todo o processo para o IMT que, de seguida, se vai encarregar de comunicar o cancelamento da matrícula à Conservatória do Registo Automóvel, para que seja feito o cancelamento do registo de propriedade.
4. Despoluição do veículo
Depois da componente burocrática estar tratada, segue-se a despoluição do veículo. Ou seja, vão ser removidos todos os produtos potencialmente perigosos para o ambiente e para as pessoas.
É nesta fase que é feita a remoção dos filtros de óleo, baterias, depósitos de gás de petróleo liquefeito (no caso dos carros a GPL) ou de combustível (gasolina ou gasóleo). Também é removido o óleo lubrificante da caixa de velocidades, do motor, dos sistemas hidráulicos e do fluído dos travões, assim como o líquido de arrefecimento e o fluído do sistema de ar condicionado.
É ainda nesta fase que é feita a neutralização dos airbags e dos pré-tensores dos cintos de segurança.
5. Desmantelamento, abate e reciclagem veículo
Feita a despoluição, segue-se o desmantelamento da viatura, que implica a remoção dos catalisadores, pneus, vidros, grandes componentes de plástico e peças que possam ser reutilizadas e vendidas em segunda mão.
Finalmente, é aqui que o abate de carros propriamente dito acontece! Após o desmantelamento, a carcaça do veículo segue para abate e é reciclada.
Existem custos associados ao abate de carros?
Regra geral, não. A entrega de veículos em fim de vida num centro de abate certificado é gratuita, salvo algumas exceções:
- Se o veículo em fim de vida não tiver algumas componentes de origem, nomeadamente: motores, caixa de velocidades, veios de transmissão, catalisadores, unidades de comando eletrónico e carroçaria;
- Se ao veículo em fim de vida tiverem sido acrescentados resíduos.
E não se esqueça de confirmar com o centro de abate se existem custos relacionados com o transporte da viatura até ao local.