Conduzir em ponto morto é um hábito que pode colocá-lo/a em perigo na estrada. Contudo, ainda há muitos condutores que o fazem, principalmente em descidas ou em engarrafamentos.
Neste artigo, descubra se deve conduzir em ponto morto ou com uma mudança engatada e conheça os principais mitos associados.
Conduzir em ponto morto poupa combustível?
Vamos começar por esclarecer o maior mito: conduzir em ponto morto gasta mais ou menos gasolina? A verdade é que, de um ponto de vista lógico, muitos podem pensar que conduzir sem uma mudança engatada se traduz numa poupança de combustível. Porém, basta ter alguns conhecimentos de mecânica para perceber que, devido à injeção eletrónica (que a grande maioria dos carros possui), conduzir em ponto morto não poupa combustível.
Este mito criou-se talvez porque, antigamente, os automóveis não tinham controlo eletrónico de alimentação de combustível e, ao usarem carburadores simples, conduzir sem uma mudança engatada podia, de facto, representar alguma poupança de combustível.
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O ponto morto e a injeção eletrónica
Para que perceba melhor este mito, é necessário que saiba como funciona a injeção eletrónica. A sua principal função é controlar a quantidade de ar e combustível utilizada pelo motor, e os componentes responsáveis pela injeção de ar e de combustível certo são as centralinas.
Se o seu carro tiver um mostrador de consumo em tempo real, repare que se estiver em movimento, com uma mudança engrenada e sem acelerar, o consumo automóvel será zero. Isto porque o sistema de injeção eletrónico vai cortar a injeção do combustível no motor.
Já se estiver em ponto morto, vai continuar a precisar de combustível para manter o motor do carro em funcionamento e, portanto, vai consumir mais gasolina.
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É seguro conduzir em ponto morto?
Definitivamente não. Para além de a tecnologia automóvel atual dispensar a condução em ponto morto, fazê-lo coloca-o/a a si e aos passageiros que transporta em perigo.
Estas são as principais razões pelas quais não o deve fazer:
1. Travagens mais descontroladas
Se estiver a conduzir numa descida em ponto morto, irá notar que o carro fica mais solto (ou “ao ralenti”). Nestas circunstâncias, travar e reagir a tempo se surgir algum obstáculo no caminho pode ser mais difícil. Se o seu carro estiver engatado, vai adaptar-se mais depressa às exigências de circulação.
2. Desgaste prematuro dos discos de travão
Conduzir em ponto morto também vai causar desgaste prematuro em alguns componentes, como por exemplo, no sistema de travagem. Conduzir com o carro engatado e travar com o motor vai evitar que os travões sobreaqueçam. O sobreaquecimento dos travões pode ter implicações graves no seu funcionamento e, sobretudo, na segurança de todos os utentes da via.
Ler mais: “Será que está na hora de mudar os discos de travão?”
3. Aumento de velocidade
Um veículo que circule sem uma mudança engatada tende a ganhar mais velocidade com a inércia, e este aumento de velocidade pode representar um perigo acrescido em determinados tipos de via. Para além disso, velocidade mais alta significa também ter menos tempo para reagir, caso surja algum obstáculo.
Ler mais: “Limitador de velocidade: o que é e como funciona”
Apesar de tudo o que mencionámos anteriormente, há situações em que deixar o carro em ponto morto não compromete a sua segurança na estrada. Se estiver, por exemplo, parado num semáforo, não haverá qualquer inconveniente em fazê-lo. Mas mesmo assim, se o fizer numa tentativa de poupar combustível, saiba que existe tecnologia específica para isso, como o sistema Start and Stop.